quinta-feira, 1 de novembro de 2012

DOR

“À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”  (Marcos 15.34).
 
Na terceira década da era Cristã, Jerusalém estava em grande alvoroço. Aquele era um dia muito especial. Na cidade e região todos comentavam o ocorrido. A crucificação se deu de forma diferente de todas as outras que ocorreram naqueles dias. Período em que os romanos dominavam. Foram três cruzes que se ergueram no Gólgota. E, de acordo com os comentários, um deles fora crucificado mesmo não tendo nada que o desabonasse. - Jesus Cristo entre dois criminosos -. O Filho único de Deus entre dois ladrões.
A natureza se manifestou conforme os escritos dos seus seguidores quando diante do sofrimento agonizante da cruz a noite se fez presente em plena três horas da tarde sendo seguida de chuva torrencial. O véu do tempo se rasgou. A criação compartilhava da agonia sofrida pelo Criador.
Ter sobre si e sentir o pecado de toda uma humanidade fez com que Pai e Filho fossem afastados por momentos que mais valeram por uma eternidade. A natureza era a pura expressão do sentimento do Pai no momento final, pois para Deus o pecado é: “uma qualidade implicitamente agressiva – uma crueldade, um ferimento, um afastamento de Deus e do restante da humanidade, uma alienação parcial, ou um ato de rebelião... O pecado possui uma qualidade voluntariosa, desafiadora ou desleal: alguém é desafiado ou ofendido ou magoado”[1], assim expressou John Stott (STOTT, 1991, p.81).
 
Deus, em sua santidade, não poderia naquele exato momento estar ‘no’ Filho, era o ‘agora’ da expiação e o Pai não tem comunhão com o pecado. Pode haver dor maior que deixar seu próprio filho distante de si em um momento de tamanha dor? Alguns teólogos afirmam que Deus sofreu a mesma dor do Filho. 
 
Jesus exclamou: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” por causa do meu e do seu pecado.
Léo Lima

[1] STOTT, John. A Cruz de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 1991.

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